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Custos de produção devem impactar na renda

Fonte: Jornal do Comércio
Ana Esteves Motivo de grande dor-de-cabeça para os produtores durante o ano de 2008, a alta dos custos de produção terá forte repercussão na rentabilidade dos agricultores na safra 2008/2009. Um levantamento divulgado nesta quinta-feira pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro) mostra que a soja teve aumento de 27,39% nos custos totais, o milho, 23,19% e o trigo, 22,17%. Nos custos variáveis, os fertilizantes, defensivos e combustíveis são os fatores que apresentaram os maiores reajustes de preço no decorrer do ano. Para o presidente da Fecoagro, Rui Polidoro Pinto, os números sinalizam uma tendência de redução de renda para o produtor e de margens apertadas de rentabilidade. "Agora, resta administrar os custos e não perder o foco na produtividade", disse. Frente a essa conjuntura, a orientação da Fecoagro tem sido de racionalização dos gastos e busca por ganho de produtividade, fator que também pode estar prejudicado em função da redução na utilização de tecnologia nas lavouras diante dos altos preços dos fertilizantes. Conforme o levantamento da entidade, o custo médio dos fertilizantes por hectare da soja, nesta safra, é de R$ 392,60, do milho, R$ 524,45 e do trigo, R$ 425,24, o maior valor nas últimas dez safras. Assim, os gastos com adubo, defensivos, sementes e outros custos operacionais para produzir um hectare de soja ficou em R$ 909,00 por hectare, do milho, R$ 1,2 mil por hectare e R$ 984,18 o hectare para o trigo. Polidoro destaca que, mesmo diante das adversidades, algumas culturas apresentaram renda positiva, como no caso da soja, com margem de 17,07% e do arroz 11,33%. No milho e no trigo, houve prejuízos de 19,61% e 34,83%, respectivamente. Para 2009, a expectativa é de que haja uma recuperação dos preços das commodities durante o primeiro semestre. O setor aguarda também uma melhora na demanda por grãos, já que o mercado nesse momento encontra-se retraído, motivado pela crise internacional. "O trigo está estagnado, sem comprador na outra ponta, e o milho tem seus estoques de passagem crescendo, e a avicultura está reduzindo alojamentos", informou. Frente ao cenário de incertezas, existe uma grande preocupação no que diz respeito à capacidade financeira dos produtores para bancar o custeio da safra 2008/2009, pela possibilidade de menor oferta de crédito, custos maiores e preços em queda no mercado internacional. "Caso as dificuldades persistam, os prejuízos terão que ser minimizados por medidas de política agrícola do governo, sob pena de o setor produtivo de grãos entrar em crise novamente", disse.