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A evolução do crowdsourcing como negócio

Da perspectiva do executivo de negócios, a principal vantagem de sua utilização é reduzir custos de uma forma astronômica.

Autor: Ana CenamoFonte: Revista Incorporativa

Usado pela primeira vez pelo jornalista Jeff Howe, da revista norte-americana Wired, o termo crowdsourcing e sua prática se inseriram com firmeza na cultura de negócios contemporânea. Embora o fenômeno do uso de grandes grupos de pessoas nos negócios não seja novo, as tecnologias da Web 2.0 ajudaram muito o crowdsourcing a evoluir e a tornar-se uma poderosa ferramenta, utilizada hoje por empresas de todos os tipos.

Da perspectiva do executivo de negócios, a principal vantagem de sua utilização é reduzir custos de uma forma astronômica. Na maioria dos cenários onde o crowdsourcing é empregado, especialistas profissionais foram substituídos por amadores talentosos, ampliando o alcance do produto (ou serviço) no mercado.

A iStockphoto foi pioneira com o modelo de negócios de crowdsourcing no setor de imagens. Antes do ano 2000, quem queria utilizar fotos com qualidade profissional em materiais corporativos precisava contratar um fotógrafo ou adquirir licenças de uso de fotos em agências especializadas, a um custo que podia variar de centenas a milhares de dólares. Hoje, a biblioteca de imagens da iStock – construída pelo trabalho de mais de cem mil fotógrafos espalhados pelo mundo todo, num modelo de negócios baseado em livre envio e seleção por meio de uma curadoria – oferece milhões de imagens de alta qualidade para download imediato, a preços que começam próximos de um dólar.

Há exemplos internacionais semelhantes em todas as indústrias. Aqueles que precisam de trabalhos em design gráfico, por exemplo, podem recorrer ao global 99designs (www.99designs.com), onde podem selecionar desenhistas freelancers por meio de uma estrutura de leilão reverso – basta propor um trabalho, um valor e avaliar os candidatos.

Do mesmo modo, o Gengo (www.gengo.com) oferece serviços de tradução, seja em nível de amador ou de especialista. Assim como o CafePress (www.cafepress.com) tem uma seleção de mais de 250 mil objetos personalizáveis, naturalmente incluindo camisetas, canecas e até coleiras para cães e gatos.

Mas o crowdsourcing é bem mais do que apenas uma ampla gama de produtos a preços baixos. Atualmente, já existem evidências, por exemplo, de que grupos são formadores de opinião e indicam melhor as tendências do que os “velhos” especialistas. Ou seja, não se trata apenas uma abordagem mais barata para certos desafios do mundo dos negócios, mas, também, e geralmente, de uma abordagem melhor, especialmente quando é o caso de se fazer previsões.

O Trendwatching (www.trendwatching.com), por exemplo, usa uma rede com mais ou menos 8 mil observadores em 170 países para monitorar e prever tendências dos consumidores.

Outro serviço extremamente sofisticado (e nem sempre barato) é o da MavenResearch (www.maven.co), que conecta empresas a especialistas das mais variadas disciplinas para serviços de consultoria.

No Brasil temos cases bem interessantes de iniciativas de crowdsourcing: o Zoopa (www.zooppa.com.br) está fazendo o maior sucesso com cases de grandes marcas, submetendo seus valiosos briefings à sua rede de criativos. A Tecnisa com seu Tecnisa Ideias (www.tecnisaideias.com.br/web), revoluciona no setor imobiliário abrindo o diálogo com seus interlocutores para receber inputs de idéias e inclusive patrociná-las.

Na área de crowdfunding a Lets (www.lets.bt) promove projetos sociais, culturais e assitenciais através do auxílio colaborativo.

Apesar dessa potencial riqueza de benefícios para os negócios, adaptar-se internamente para uma estratégia de crowdsourcing é um percurso no qual pode haver armadilhas.

Se por um lado a marca Doritos, da PepsiCo, conseguiu consumidores e simpatizantes por seus anúncios feitos em crowdsourcing para o Super Bowl (a final do campeonato de futebol nos EUA), por outro o fabricante do equipamento Levia, indicado para tratamento dermatológico com fototerapia, tentou a mesma coisa mas fracassou – era um concurso no qual os participantes mostravam os benefícios da luz para a vida.

À medida em que a prática do crowdsourcing evolui, novos serviços aparecem para ajudar empresas a encontrar soluções personalizadas e evitar os erros cometidos pelo fabricante do Levia.

Um deles é o Chaordix (www.chaordix.com), empresa que oferece soluções para outras empresas, ou seja, crowdsourcing em B2B, construindo as comunidades e criando os sites com recursos essenciais como busca, atendimento ao cliente e várias outras atividades do dia a dia das empresas, e projetados especificamente para o ambiente das comunidades online.

Enquanto o Chaordix está voltado para clientes de grande porte, o KickStarter (www.kickstarter.com) e oRocketHub (www.rockethub.com) são voltados justamente para as pequenas empresas, já que dedicam-se ao levantamento de fundos para startups e empreendedores individuais.

Mas é claro que o crowdsourcing não escapa às controvérsias. Alguns opositores criticam a falta de compensação no lado da oferta, que fica sempre abaixo das expectativas.

Ao mesmo tempo, há muitos exemplos de gente que, por participar, ganha mais do que a média, como acontece com muitos dos nossos fotógrafos da iStockphoto, que recebem centenas de milhares de dólares por ano em direitos autorais; ou consultores da Maven, que recebem centenas de dólares por hora de trabalho.

Sucesso – engajamento e esforço!

Para finalizar, é importante apontar que para os exemplos acima terem se tornado um sucesso e continuem em curva ascendente, muito trabalho duro, diário e persistente, é feito incessantemente por todos os milhares de colaboradores envolvidos em cada iniciativa.

No exemplo da iStockphoto, para que um fotógrafo ou ilustrador alcance a marca de um milhão de downloads (que significa no mínimo um milhão de dólares, como já aconteceu com a iStocker canadense Lise Gagné) existe uma carreira a ser seguida, com passos e compromissos muito claros por parte desses colaboradores.

Anos de escola, aprimoramento, criação, conhecimento tecnológico e de equipamentos são requeridos, assim como uma evolução pessoal em termos de design, olhar e estética.

Para evoluir de amador até o nível máximo de iStocker (o “Black Diamond”) há toda uma batalha a ser vencida!

Seja como for, a iStockphoto é um dos exemplos emblemáticos em crowdsourcing e o número de empreendimentos semelhantes continua a crescer, junto com sua popularidade e relevância, provando que o fenômeno já ultrapassou a fase de ser apenas uma tendência, para tornar-se parte definitiva das opções das empresas.

Há que se preparar para este novo tempo!